Castro Alves aos 20 anos
14 de março de 1847
9) Cecéu: Antônio Frederico de Castro Alves nasceu na fazenda Cabaceiras próxima a Nossa Senhora
de Conceição de Curralinho, hoje Castro Alves, Bahia. Os pais, o médico Antônio José Alves e Clélia Brasília da Silva Castro. O avô paterno, Antônio José, era um comerciante português, natural do Minho. "Da
avó [paterna], igualmente solteira, não se guardou sequer o nome". O avô materno, o coronel sertanejo José Antônio da Silva Castro foi um grande senhor
de terras. A avó materna, Ana Viegas, era uma cigana espanhola. Na região de
Curralinho "prevaleciam os modos de vida dos pioneiros, os rapazes
raptavam as moças, os padres tinham amásias e as disputas de coração, honra, de
dinheiro e de poder se resolviam frequentemente a punhal e a bala". Sua
ama de leite Leopoldina, escrava de seu pai, foi mãe de Gregório, seu pajem que
o acompanhou durante a vida.
1852 (4 anos)
11) Após uma rápida passagem por Muritiba, a família se fixou
em São Félix, onde Castro Alves iniciou seus estudos com um professor
particular.
Casa onde nasceu o poeta, sede da antiga fazenda Cabaceiras.
1854 (6 anos)
A família, Dr. Alves, D. Clélia, três rapazes (Castro Alves,
José Antônio e Guilherme), e uma menina (Elisa), chegam à Salvador, capital da
província, onde duas novas irmãs (Adelaide e Amélia), juntam-se ao grupo. Ainda
em Cabaceiras, um segundo irmão (João), veio a falecer poucos dias após o
nascimento. Alguns anos mais tarde, em 1864, José Antônio, outro irmão, acometido
de sucessivas crises depressivas, se suicidava com uma ingestão excessiva de
remédios. Guilherme faleceu em 1877, dois anos após a publicação de seu livro
de poemas Raios sem luz, editado sob o pseudônimo de D'alva Xavier. Amélia
também escrevia versos.
Em Salvador,
residiram à rua do Rosário de João Pereira, 1, e à rua do Passo, 47, onde o Dr.
Alves atendia escravos. (Jornal da Bahia, 12/4/1855). Dr. Alves lecionou na faculdade de medicina e como médico
alcançou enorme prestígio profissional. "Homem culto e de sensibilidade
artística, se tornaria dono de uma das melhores coleções de pintura de
Salvador". Participou da criação da Sociedade de Belas Artes e do
Instituto Geográfico e Histórico da Bahia (IGHB). Foi homenageado com a Ordem da Rosa e, mais
tarde, do Cruzeiro. A primeira foi criada para celebrar o casamento de d. Pedro
I com d. Leopoldina; a segunda, após a independência, 1822.
1856 (9 anos)
14) O Dr. Alves adquire uma chácara nos arrabaldes da
cidade, em Brotas, a roça ou quinta da Boa Vista. Antes da
independência, o casarão
pertencera ao português, também do Minho, Manuel José Machado, “grande
contrabandista e mercador de escravos, senhor impiedoso, estuprador de
negrinhas e dono de um considerável número de filhos mulatos”. Conhecido como o
Machado da Boa Vista, era tido como um sujeito de grande influência na cidade.
Colaborou com a construção da Praça do Comércio e do Teatro São João, do qual
foi diretor. Seu corpo encontra-se na Santa Casa da Misericórdia, que também
herdou boa parte de seus bens. Foi enterrado com o “hábito de Cristo, que em
1808 lhe conferira o príncipe regente d. João”. Quando chegou à casa, Castro
Alves ainda encontrou os diferentes troncos de supliciar
escravos, pés, mãos e pescoço. A torre servia de mirante, dela se avistava o
mar. Ali se postava um escravo que tocava um sino anunciando a triste chegada
de mais um navio negreiro.
181) “O menino Antônio ingressa no Colégio São João”
1858 (11 anos)
Por conta da má
saúde de d. Clélia, a família Alves foi morar na quinta Boa Vista, um
belo palacete “no subúrbio”, com grandes árvores (cajueiros, mangueiras,
jaqueiras, cajazeiras) e ares de interior. No terreno, havia ainda uma fonte
com carranca e redoma de azulejo e senzala. A partir de 1874, o casarão viria a
ser o hospital de alienados Asilo São João de Deus. Mais tarde, Hospital
Juliano Moreira.
16) "Antônio tinha 11 anos quando entrou para o Ginásio
Baiano, do famoso educador [abolicionista] Abílio César Borges, futuro
barão de Macaúbas e futura personagem de Raul Pompéia", o dr. Aristarco,
em O Ateneu. Havia estudado ainda em outro colégio, o São João
ou Sebrāo, do diretor Franciso Pereira de Almeida Sebrão. Mais tarde, a
nova sede do Ginásio Baiano (visitada por d. Pedro II, em 1859) viria ocupar um
palacete nos Barris, que pertencia a outro grande traficante de escravos
sediado em Porto Novo, na costa africana, Domingos José Martins, "filho do
revolucionário pernambucano de mesmo nome, fuzilado pelos portugueses após o
malogro do movimento de 1817."
17) No Ginásio Baiano, conheceu Rui Barbosa. Os
dois foram grandes amigos. Lá, aprendeu latim, francês e inglês, e a postar a
voz, sobre o palanque, nos saraus literários promovidos pelo professor Abílio;
também "traduziu em versos uma ode de Horácio" e alguns poemas de
Victor Hugo.
19) Sua mãe, d. Clélia, aos 34 anos, morre de tuberculose. A família passa a residir à rua do
Sodré, hoje bairro Dois de Julho. Seu pai, o dr. Alves, também tivera problemas
pulmonares na juventude. Na época, ignorava-se que o mal fosse causado por um
bacilo.
1860 (13 anos)
181) “9 de setembro: Antônio recita seus primeiros versos,
em festa no Ginásio Baiano.
1862 (15 anos)
Em 24 de
janeiro, o dr. Alves casa-se com uma vizinha, d. Maria Ramos Guimarães,
viúva do português Francisco Lopes Guimarães, proprietário de navios negreiros
(Queri, Maria e
Chinfrim). Este foi
credor do filho de um dos maiores traficantes do século XIX, o Chachá Francisco
Felix de Souza, pai de Antônio Félix de Souza. A família Alves muda-se para o
Solar do Sodré.
Pintura de Franz Post, entre 1653 e 1657
20) O tráfico era um grande negócio. O lucro de uma travessia chegava a 25%. Um rendimento acima de qualquer outro na época. O escravo era vendido pelo triplo do preço que era adquirido na costa africana. Os altos custos incluíam o aluguel do navio; o seguro; o soldo do capitão, comandantes e tripulação (que era, em média, o dobro da tripulação utilizada para qualquer outro tipo de comércio); as taxas portuárias; o imposto por escravo; os presentes dos reis e representantes; as despesas com água e alimentação; e o suborno aos funcionários brasileiros para que fizessem vistas grossas aos desembarques "proibidos". O tráfico negreiro "era o motor da cidade". O “primeiro de todos os itens da pauta de importação da Bahia” (23).
25) Em 25 de janeiro, Castro Alves e seu irmão José
Antônio embarcam para estudar direito no Recife. "Era leitor de
românticos europeus - Vigny, Espronceda, Heine, Musset, Lamartine, Quinet"
- além de Byron e Vitor Hugo. "Conhecia os versos de José Bonifácio, o
Moço, Gonçalves Dias, Álvares de Azevedo, Casimiro de Abreu, Junqueira Freire,
Pedro Luís, Fagundes Varela, Soares de Passos e Tomás Ribeiro".
1863 (16 anos)
Em março, mês
que completaria seus 16 anos, “submete-se a prova para ingresso na faculdade de
direito e é reprovado”. No mesmo mês, foi ao Teatro Santa Isabel,
assistir a peça Dalila, de
Octave Feuillet. Lá conheceu a atriz Eugênia Infante Câmara, 10 anos
mais velha, com quem viveria um arrebatado romance juvenil. Eugênia era uma
atriz portuguesa e também publicara um livro em versos, "Esboços poéticos, reeditado em Fortaleza com novo título: Segredos d'alma."
28) "Segundo o testemunho de seu grande amigo Luís
Cornélio dos Santos, ele teria tido, em meados de 1863, uma hemoptise
(golfada de sangue causada pela tosse tísica).
29) Em maio, um jornal de acadêmicos de direito, A Primavera, publicou "A Canção do africano". Versos
abolicionistas, em redondilha maior, à moda dos cantadores da época.
31) "Os escravos de Castro Alves amam-se
entre si com fidelidade e constância, e são visceralmente apegados aos
filhos." (2006, p.31). "O escravo será sempre, em Castro Alves,
devotado aos seus, nobre, altivo, valente e reto. Na maioria dos casos, um
resistente, um inconformado, um vingador, um rebelde."
1864 (17 anos)
34) Castro Alves perde o irmão José Antônio, que
se suicida em Curralinho. Matricula-se na Faculdade de Direito onde conhece o
jurista e também poeta sergipano Tobias Barreto, oito anos mais velho. Com
alguns colegas lançou o jornal de estudantes O Futuro. Nesse período também escreveu o poema "Mocidade e morte",
que se chamara inicialmente "O tísico", algo prenunciador do que lhe
aconteceria.
Em outubro, já quase
findando o ano acadêmico, às pressas, volta para Salvador, visita os amigos e
conhece o poeta Fagundes Varela, que se deu por ali após o naufrágio da
embarcação que o levava para estudar também no Recife. Castro Alves perde
seu primeiro ano na faculdade por faltas.
1865 (18 anos)
40) Castro Alves matricula-se novamente no primeiro
ano de direito, no Recife. Sua chegada, no mês de março, acompanhado por
Fagundes Varela e um escravo (Gregório) é notícia no Jornal do Recife
(64). Começa a juntar os primeiros
poemas do livro Os escravos. Em agosto daquele ano, no salão de honra da faculdade declama o poema
"O Século" que, assim como "Adeus, meu canto" era de
temática engajada, liberal, influenciada pelas ideias socialistas que chegavam
da Europa e que o tornaria famoso na cidade. O poeta acreditava que a poesia
deveria "ser o arauto da liberdade [...] e o brado ardente contra os
usurpadores dos direitos do povo".
47) Nesse período, alistou-se no Batalhão Acadêmico de
Voluntários para a Guerra do Paraguai. Mas não partiu. Sua participação
reduziu-se à criação do poema "Aos estudantes voluntários".
182) Em dezembro, “volta a Salvador, com Fagundes Varela.”
1866 (19 anos)
52) Aos 48 anos, no dia 23 de janeiro, morre o Dr.
Alves, "vítima de um coração cansado [...] fortemente endividado." Investiu o que
tinha e o que não tinha na esperança de transformar a quinta da Boa Vista em
hospital. Na época, de familiares, havia Francisco, filho de d. Maria;
Guilherme, com 14 anos; Elisa, com 12; Adelaide, com 11; e Amélia, com 9 anos.
(57) De volta ao Recife, passa a morar no Barro, um
subúrbio, agora amasiado com d. Eugênia Câmara (a filha desta, Emília Augusta, uma criada e, talvez,
uma escrava; além de Gregório, o pajem do poeta (p.63), filho da ama Leopoldina que, como escravo, é citado no inventário de
d. Clélia Brasília).
45) Juntamente com Rui Barbosa e outros companheiros,
funda uma sociedade abolicionista. Neste mesmo ano se desentende com Tobias Barreto, por conta de seus
protagonismos amorosos que, na época, disputavam o mesmo palco. Enquanto Castro
Alves tecia odes a Eugênia, Tobias Barreto enaltecia Adelaide Amaral, também
atriz da mesma companhia. Castro Alves lança um primeiro número da revista Luz.
1867 (20 anos)
67) Castro Alves finaliza o drama Gonzaga ou A revolução de Minas. Carlota,
personagem central, assim como a Escrava Isaura, de Bernardo Guimarães ou
Lúcia, em Rei Negro, de Coelho Neto, aborda o problema da escravidão a partir
da “lógica do escravismo racista”: o público branco apiedava-se pela personagem
escrava de pele clara contra o sistema escravista.
70) O estudante de direito não se matricula no terceiro
ano da faculdade e, em maio, segue para Salvador onde pretende estrear sua
peça. Ele, a atriz e a menina, filha de Eugênia, foram morar no casarão da quinta
da Boa Vista. O poeta, famoso, se apresenta em várias oportunidades. A peça
estreou, com grande sucesso, no dia 7 de setembro. Em novembro, em memória do
casarão, escreve "A Boa Vista".
1868 (21 anos)
83) Levando consigo duas cartas de apresentação do
político Joaquim Jerônimo Fernandes da Cunha, Castro Alves embarca para o
Rio. Uma carta para José Maria da Silva Paranhos, o Visconde do Rio Branco,
a outra para José de Alencar, com quem esteve numa tarde de poesias. Alencar o
apresentaria ao grande público, em carta aberta, no Correio Mercantil de 22 de
fevereiro. Carta que fora também destinada a Machado de Assis, que visita o
poeta. Os dois dividem outra tarde literária. Em Março, da sacada do Diário do
Rio de Janeiro, recita "Pesadelo de Humaitá" (no contexto da Guerra contra o Paraguai ou da Tríplice
Aliança (1864-1870), Humaitá era o nome da fortificação que controlava o acesso por via fluvial à
capital, Assunção).
87) No mesmo mês, o casal, na companhia de Rui Barbosa,
seguem de navio para São Paulo. A cidade, com cerca de 30 mil
habitantes, se multiplicava com os lucros das lavouras escravistas de café. Em
Março, o poeta se matricula no terceiro ano da Faculdade de Direito,
localizada no antigo convento de São Francisco, que abrigou, antes de Castro
Alves, Álvares de Azevedo e Fagundes Varela. Na época, o modelo a ser seguido
era Byron, "e se cultivavam o tédio, ou melhor, o spleen, e o desvario." Agora, a vez de Victor Hugo e, ao invés de tédio,
abolição e República. Entre os sequazes, o professor José Bonifácio, o Moço,
Ferreira Menezes, Joaquim Nabuco (Quincas, o Belo), Rodrigo Alves, Carlos
Ferreira, Afonso Pena, Salvador de Mendonça, Basílio Machado e Rui Barbosa.
Dizia Nabuco, "nunca ter visto o colega 'dar um momento de atenção às
realidades da vida, nem às ambições da mocidade" (p.91).
Nesse período,
intensificou a produção de poemas para Os escravos, escreveu "Vozes da África", "O Navio Negreiro", e
andava ocupado com a publicação de "Gonzaga".
Navio Negreiro, por Rugendas. Publicado em Paris, 1835.
97) No dia 7 de setembro, recitou o poema "Tragédia no mar", mais tarde renomado "O Navio Negreiro". O tráfico oficial já deixara de existir desde 1850 (Lei Eusébio de Queirós que ratificava a proibição do tráfico transoceânico, matéria de outra lei já sancionada, por D. Pedro II, em 7 de novembro de 1831, que não se fazia valer). Entretanto, ainda nesse período, década de 1850, o tráfico de cabotagem, trazendo os negros das províncias do norte para as lavouras de café no sudeste, continuava a pleno vapor. A escravidão perdurava ainda com força no país e o contrabando, não pouca vezes, derramava suas presas miseráveis em praias ermas, refúgio de traficantes. Alguns poemas temáticos da época: "Les nègres et les marionnettes", de Pierre-Jean de Béranger, "The Slave Ship", de John Greenleaf Whittier, e "Das Sklavenschiff", de Heinrich Heine.
121) Simum: vento que sopra do Saara para o Norte da
África. Harmatã, do deserto para o sudoeste africano.
124) O monte Ararat e "o anátema de Noé contra Cam,
que faltara com respeito à ebriedade e à nudez do pai". (...) segundo o
texto bíblico, "os seus descendentes seriam escravos - devia recair sobre
Canaã, e não, sobre Cam ou seu outro filho, Cuxe, de quem proviriam os negros,
primeiro os islamitas e, depois, os cristãos a usaram para justificar,
(...), a escravização dos africanos".
130) Em 25 de outubro, Gonzaga estreia em São Paulo,
no Teatro São José. Ocorreram apenas duas apresentações, "não havia
público para mais". A relação com Eugênia Câmara se desfazia e o inspirou
à lírica de "Boa noite" e "O adeus de Teresa". "Foi
Eugênia que (...) o mandou embora e lhe atirou os livros e os demais pertences
na rua." (...) "Castro Alves foi morar com Rui Barbosa, numa república
de estudantes na ladeira da Conceição." É aprovado nos exames da faculdade
de direito.
135) Foi no dia 11 de novembro, na altura do Brás, que
Castro Alves alvejara o próprio calcanhar esquerdo ao saltar uma vala.
Foi atendido pelo presidente da província, Cândido Borges Monteiro, o Barão de Itaúna,
que era cirurgião, e o Dr. Lopes dos Anjos. A tuberculose recrudesceu, as
hemoptises voltaram.
1869 (22 anos)
140) Na esperança de bons médicos, em 21 de maio chega ao
Rio. (...) "só recorriam aos hospitais os que não tinham família o ou não
podiam manter-se, os solitários e os desamparados." Na casa do amigo Luís
Cornélio, no Rio, os Drs. Mateus de Andrade e Andrade Pertence amputaram
"o pé pelo terço inferior da tíbia". "Castro Alves enfrentou a operação sem
anestesia, pois o estado de seus pulmões tornava perigoso o uso do
clorofórmio."
144) "Em 25 de novembro, embarcou para a Bahia,
acompanhado do cunhado Francisco Lopes Guimarães Junior". No dia seguinte,
o Jornal da Tarde publicou “Adeus”.
152) A tuberculose se agravava. Em fevereiro, a conselho
dos médicos, viajou para Curralinho. "A família Alves já não era
dona da fazenda Cabaceira, que o Dr. Alves vendera, [juntamente com uma parte
da fazenda Paraguassuzinho], para comprar a quinta da Boa Vista." Castro
Alves se instalou no sobrado de d. Constância, irmã de seu avô e prima de sua mãe. No sótão de
uma casa vizinha fez refúgio. Leu Humbolt e acompanhou os últimos meses da
Guerra do Paraguai. Sobre o conflito, escreveu cinco poemas: dois da época dos
Voluntários da Pátria; um em favor dos órfãos de guerra “Quem dá aos pobres
empresta a Deus”; “O Pesadelo de Humaitá”; "e na passagem final de 'Dous
de Julho, une-se a batalha final de Riachuelo à do Cabrito." Foram cinco
meses de Curralinho.
157) Em julho, segue para a fazenda Santa Isabel, em
Rosário do Orobó, hoje Itaberaba. Em setembro, regressa à Salvador,
estabelece-se no Solar do Sodré. Em outubro, lança Espumas flutuantes, com 54 poemas e 218 páginas. Na esperança de voltar
aos estudos, se matriculara no quarto ano da Faculdade de Direito de São Paulo.
O casarão da Boa
Vista é vendido para
o governo da província, "a fim de que se instalasse um asilo de
loucos", o asilo São João, mais tarde, em 1936, Hospital Juliano Moreira (p.53). Nele, internada, faleceu Leonídia Fraga, um antigo amor das idas à Curralinho
(p.156).
158) Em 14 de outubro, fez presença em uma noite de festas
em benefício do Grêmio Literário. No dia 22, no Solar do Sodré, promoveu seu
primeiro sarau literário. Recitou "A cachoeira de Paulo Afonso",
a triste saga de um casal de escravos.
164) Castro Alves escreveu poemas para serem decorados.
"Tudo ajuda a memorização: os estribilhos, as repetições, os refrãos, a
insistência na redondilha maior, as rimas agudas, o mesmo verso a terminar
todas as estrofes, ou o último verso de uma quadra ou uma quintilha a repertir-se
como o primeiro da seguinte."
167) Uma possível filha: Virgínia Hilda de Castro
Alves, filha de Virgínia Hugo Coutinho de Castro, viúva, vizinha no Sodré. A
relação teria acontecido no período entre seu retorno de Curralinho e sua
morte.
1871 (24 anos)
170) Ano de sua morte. Em 10 de fevereiro, Castro
Alves se apresenta na Associação Comercial da Bahia. Em ato beneficente em
favor das crianças vítimas da guerra franco-prussiana. Foi sua última
apresentação em público. No dia 30 de abril publicou, no O abolicionista, uma peça em prosa, pedindo donativos para a
Sociedade Abolicionista 7 de Setembro. Também "saiu em defesa da
participação da mulher na política e no voto feminino".
171) Lei do Ventre Livre: "O visconde do Rio
Branco apresentara à Câmara o projeto sobre a Reforma do Elemento Servil,
no qual se previa que os filhos das escravas nasceriam livres, se criava um
fundo de emancipação, se reconhecia o direito do escravo de formar um pecúlio
para comprar a liberdade e se assegurava o seu direito à alforria, se proibia a
separação dos cônjuges e se libertavam os escravos que pertenciam ao Estado e
os de usufruto da Coroa”.
Em 22 de junho
foi a última vez ao teatro. Morreu em 6 de julho de 1871, às 15h30. Foi
poeta lírico e também público, com grande número de poemas sociais (p.175). Lembrando que, no período, eram poucos os políticos e intelectuais que
se opunham à escravidão, a exemplo de Silveira da Mota, Tavares Bastos, Manoel
Francisco Corrêa, Perdigão Malheiro, o visconde de Jequitinhonha, o marquês de
São Vicente, Nabuco de Araújo e Rui Barbosa (p.179).
- [1]
COSTA E SILVA,
Alberto da. Castro
Alves: um poeta sempre jovem. - São Paulo, Cia das Letras, 2006.
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